FALANDO DE ASAS
Nem quando canto vivo a liberdade
Porque só posso ir onde vai o fio do microfone
ou o sinal de rádio frequência, ou onde chega a voz
Nem quando escrevo, vivo a liberdade
Porque não posso abusar dos tantos erros gramaticais
só para fazer representar todas as formas de amor que sinto
Também não posso sentir-me livre quando me banho
pois a ocasião impede que eu durma sob o chuveiro
Nem quando eu olho
Pois não posso te mirar ao fundo
A te deixar sem graça, invadindo a alma
E terminaria então a graça.
Nem quando me dispo sou livre um tanto
Porque tenho um breve tempo para isso
E antes que me prendam por um desacato ou idéias marginais
pois toda a palavra deve ser medida,
Irei maldizer-te baixinho, a patente que o faz curvar e envenenar
Não gozarei liberdade enquanto alguém me vê mesmo que longe
Porque as raízes são as minhas prisões, assim como o sustento
Viva a liberdade dos que não tem o direito
A astronave passeia pelos campos
até que os seus raios ultra cósmicos se apaguem logo na primeira chuva
Decerto que eu nada invento, apenas copio
Como as bostas que eu aprendo sem notar, incessantemente
A traduzir-me super escravo dessas alianças que nem vejo.
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